quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Resenha: Igreja: agente de transformação.

CAPÍTULO 1. UMA ECLESIOLOGIA PARA A MISSÃO INTEGRAL.

Para Padilha, para a igreja fazer realmente missão integral ela deve reunir certos requisitos ou “...condições que a capacitem para a prática da missão integral” (p. 44). Não que haja uma igreja perfeita, pois ele mesmo admite que seriam inviáveis, nem existe uma fórmula ou estratégia que transforme a igreja da noite pro dia num agente de transformação, mas que essas igrejas que causam impacto têm em seu DNA algumas características. E aqui vai um comentário, pelo fato de o autor fazer menção dessas características, isso quer dizer que há igrejas que, segundo ele, não estão cumprindo com o papel de ser “sal da terá” e “luz do mundo”, ou seja, estão fazendo o trabalho pela metade. Mas segundo Padilha, as características dessa igreja que pratica a missão integral são as seguintes: (1) o compromisso com Jesus Cristo como Senhor de tudo e de todos; (2) o discipulado cristão como um estilo de vida missionário; (3) a visão da Igreja como a comunidade que confessa a Jesus Cristo como Senhor e (4) os dons e ministérios como meios que o Espírito utiliza para capacitar a igreja e todos os membros para o cumprimento de sua vocação.

Jesus histórico x Jesus ressurreto

“A missão da igreja, portanto, não pode se limitar a proclamar uma mensagem de ‘salvação da alma’: sua missão é ‘fazer discípulos’ que aprendam a obedecer ao Senhor em todas as circunstâncias da vida diária, tanto privadamente como em público, tanto no pessoal como no social, tanto no espiritual como no material.” (p. 52). Padilha faz uma crítica ao evangelho pregado atualmente, segundo ele, prega-se exclusivamente o Cristo ressurreto e esquecem do Jesus histórico. A diferença pode não parecer muito clara, falando nesses termos simplificados, mas basicamente a diferença é esta: o Jesus histórico (antes de sua morte e ressurreição) alimentava os famintos, curava os enfermos e libertava os cativos e o Jesus ressurreto pregava o reino de Deus. Então quando ele fala que pregam o Jesus ressurreto, só falam da salvação – e ele deixa claro que ele não quer dizer com isso que a salvação fica em segundo plano – sem se preocupar com o lado social; a situação em que a pessoa a quem o evangelho está sendo pregado está (talvez esteja em condições sub-humanas).

Ao fazer um breve comentário sobre a Teologia da Libertação ele descreve que “uma das características mais dignas de louvor da teologia da latino-americana da libertação foi a sua ênfase no Jesus histórico como paradigma da missão da igreja.” (p. 57), mas faz as ressalvas necessárias em relação à opção pelo comunismo marxista pelos teólogos da libertação – alguns teólogos protestantes mais conservadores também tentam enquadrar os teólogos da TMI como marxistas.

Tenho uma dificuldade em entender a parte na qual ele fala da “igreja e a cruz de Jesus”, onde ele fala muito sobre sofrimento. Ele escreve que “o sofrimento seria parte constitutiva da missão dos discípulos, como o foi na missão de seu Senhor.” (p. 58). Não ficou claro para mim o que vem a ser esse sofrimento. Ao comentar sobre 2 Co 5:18-19 ele diz que “o exercício do ‘ministério da reconciliação’, sem dúvida, tem um custo tanto em termos de entrega sacrificial pelos demais [...] como em termos de sofrimento por causa do evangelho.” (p. 58). Novamente aqui não vejo clareza por parte do autor. Dá margem para diversas interpretações.

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