sábado, 22 de junho de 2019

Combatendo o bom combate

Todo mês nossa igreja trabalha com um tema para o círculo de oração, o tema desse mês é "Combatendo o bom combate." e a cada mês eu preparo uma mensagem com fins educacionais, porém nunca havia publicado. Este mês resolvi publicar.

Combatendo o bom combate

Antes de mais nada é necessário definir o significado de combate e contextualizar isso em nossas vidas. Quando se fala em combate logo vem à mente uma luta, armada ou não, entre indivíduos, nações ou grupos, mas o que isso significa na vida do cristão uma vez que "a nossa luta não é contra o sangue e a carne" (Ef. 6:12)? Embora não tenhamos inimigos físicos, pois, Jesus nos ensina a amar o próximo (Jo 13:34), eu quero definir aqui o combate como nossa luta diária contra as diversas dificuldades que passamos ao longo de um dia e focar mais especificamente em afrontas; xingamentos, muitas vezes no trânsito, panelinhas em ambiente de trabalho, intrigas com parentes. São esses os cenários que eu quero abordar. Então resta a pergunta: como o cristão deve reagir diante desses cenários?

Eu gosto muito de exemplos e estórias, acredito que esses recursos ajudam a fixar um conceito em nossa mente. Refleti bastante sobre o tema tentando ver qual personagem bíblico poderia nos demonstrar através de seu procedimento como proceder em situações parecidas e me veio à mente um episódio específico da vida de Isaque.

O episódio em questão encontra-se no capítulo 26 do livro de Gênesis. Quando sobreveio uma fome à terra em que Isaque habitava, ele não teve outra escolha senão mudar-se dali e foi ter com Abimeleque em Gerar e ali ficou (v. 6). Deus foi muito generoso com Isaque e este prosperou muito naquela terra (v. 12-13) e isso acabou fazendo com que os habitantes dali tivessem inveja de Isaque chegando ao cúmulo de entulhar os poços que Abraão, seu pai, havia cavado. Abimeleque também não estava nada contente com a prosperidade de seu hóspede e pede para que ele saia da terra. Aqui temos a primeira lição; Isaque prosperou de tal maneira que ele já era maior do que o próprio rei. Isaque poderia muito bem usar seu poderio para, ao invés de sair de lá, reinar naquela terra no lugar de Abimeleque, mas ele tinha noção de que ele não pertencia àquele lugar e que ele estava ali como forasteiro. Ele simplesmente evitou contenda e foi para longe dali (v. 17). Porém, ao chegar lá Isaque reabriu os poços que seu pai Abraão havia cavado e os habitantes de lá entulhado, e isso aconteceu mais outra vez e novamente aprendemos com o temperamento de Isaque que não vale a pena a contenda. Como eu já falei, Isaque poderia ter aproveitado de todo o seu poderio e ter destronado Abimeleque e reinado em seu lugar ou nessas duas outras ocasiões ter simplesmente matado os que lhe causaram problemas com os poços, mas não, ele apenas deixou a contenda de lado e seguiu sua vida e aprendemos no verso 22 que ele encontrou seu lugar, cavou outro poço e ali não contenderam com ele, tanto é que ele batizou o lugar de Reobote (רְחֹבוֹת) que e uma tradução livre quer dizer "lugares amplos", e o mais importante é que ele reconheceu que o SENHOR que lhe havia preparado este lugar.

Em momentos de angústia e desespero é comum questionarmos o porquê das coisas. As vezes só olhamos pelo lado negativo e nunca pelo positivo. Eu gosto de pensar que se algo não deu certo é porque Deus tinha algo melhor para mim ou que aquilo ou aquela situação foi um livramento da parte de Deus, pois "sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus" (Rm 8:28) e Isaque sabia disso, ele também sabia que "os que confiam no SENHOR são como o monte sião, que não se abala" (Sl. 125:1) e aqui é a segunda lição dessa mensagem: confiar no SENHOR. A primeira lição é não entrar em contendas e a segunda é confiar no SENHOR.

Não adianta nem orar "Senhor não permita que eu passe pela tempestade", pois as provas virão. Pedro escreve "se necessário, sejais contristados por várias provações" (1 Pe 1:6) e Paulo vai além quando escreve: "mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança." (Rm 5:3-4). Olha que interessante, eu já ouvi isso uma vez, diz o ditado que a prova, ou deserto, é a faculdade do crente, pois é no deserto que aprendemos muitas coisas, e uma delas é depender de Deus. Tem gente que acha que depende de Deus só nas grandes causas, nas causas impossíveis, mas não é isso que Paulo ensina quando diz "em tudo dai graças, porque está e a vontade de Deus em Cristo" (1 Ts 5:18), em tudo nós dependemos de Deus, até para respirar. E Deus pode permitir certas situações para nos ensinar a sermos mais dependentes dele, para aprendermos que é Ele que no sustém, como escreveu o salmista no Salmo 54:4.

Para finalizar quero fazer uma reflexão de duas passagens de um dos cânticos de Davi que se encontram tanto em 2 Samuel 22 quanto no Salmo 18. Davi diz "Deus é a minha fortaleza e a minha força, ele perfeitamente desembaraça o meu caminho." (2 Sm 22:31) e mais atrás ele diz que "O caminho de Deus é perfeito" (v. 31), note que a princípio há uma desarmonia entre "o caminho de Deus" no verso 31 e o "meu caminho" no verso 33, porém a chave está na ação de Deus no verso 33, Davi diz: "ele perfeitamente desembaraça o meu caminho." Imagine que nós estamos sempre tomando importantes decisões; não falo daquelas decisões do tipo: hoje vou comer frango ou carne de boi no jantar? Falo de decisões como, mudar de trabalho, mudar de bairro ou de cidade, em que escola matricular os filhos e por aí vai. Agora imagine que acada estágio, ou quando nos vemos diante de tais situações onde tenhamos que tomar uma decisão, essa situação seja representada por uma parede com várias portas, cada porta representando uma opção, tem portas bem ornamentadas e outras com uma aparência nada chamativa e cada uma com seus prós, contras e dificuldades. Você quer entrar pela porta mais bonita, que na sua mente é a melhor opção, porém você não consegue abrir a porta e ao seu lado tem aquela porta que você nem considerou por achar que não era boa o suficiente e de repente ela se abre. Você estava lá há um tempo tentando abrir aquela porta bonita e nada, e abre-se essa outra porta. Nessa ilustração, essa porta que se abriu foi Deus mostrando o caminho para você. Você não acha que é por ali, mas Deus está mostrando o caminho como Davi fala. Ele está desembaraçando e você deve confiar nEle. Não entre em contendas e confie no Senhor.

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